sábado, 27 de novembro de 2010

Piazza di Spagna

Piazza di Spagna     27.11.2010

Em 1786  Wolfgang Goethe saiu de Frankurt e veio morar na Via del Corso nº18,  casa de seu amigo e pintor, Tischbein; em Roma. Quem conhece Roma no outono poderá viver uma experiência sinestésica cromoaromática (não é a regra, alguns se decepcionam e acabam descontando a frustração no cartão de crédito). Eu vivi essa experiência sinestésica na linha 35 que passa pela Vale Muricana. O aroma exótico dos desodorantes e perfumes árabes, jordanianos,  paquistaneses e indianos incendiou minhas terminações neuro-epitélicas empurrando lá pra baixo essa massa de emoções cruas  geralmente provocados pelos odores desconhecidos. Não é uma sensação fácil de lidar. Já ouvi falar em especialistas que inventam cheiro de automóvel saído de fábrica. Como dar uma dimensão humana pra essa torrente de imagens mentais que os aromas da linha 35 provocam em mim numa manhã de novembro?
Goethe veio à Lazio em busca de outro panegírico: as cores italianas. Dois séculos antes das tabelas do adobe e do pantone Goethe esperava unificar as cores numa metodologia sistemática que vinculava  matizes cromáticas às forças sensitivas e mentais. E hoje fala-se com muita pompa e propriedade que lugar de lâmpada vermelha é em cima de balcão de açougue.  Mas há conspirações mais preocupantes a serem entendidas desde já: os produtos mercadológicos deixarão de ser imagens cromáticas e passarão a ser imagens mentais sumariamente canalizados pela nossa napa. Aí a força é bruta. Um naso desavisado é sempre um território sem lei..

  

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