Fontana de Trevi, 23.10.2010 |
Um tal de Edward Bernay emigrou para os EUA nas primeiras décadas do século XX. Sobrinho de Freud, Bernay quis experimentar os princípios do mecanismo libidinal aplicado aos objetos que deveriam ser essencialmente funcionais . Um sapato servia para proteger os pés. Depois de Bernay um sapato deveria emanar a personalidade cativante de seu proprietário com o álibi de proteger os pés. O álibi do carro era encurtar a distância entre duas pessoas. Depois de Bernay o valor passou à espera lânguida do desfrute veicular entre a casa e o shopping center. As rodas pelo menos continuaram a ser redondas.
Em 1929 a queda da bolsa demonstrou que os signos não poderiam, ao menos naquele estágio do consumo da civilização industrial, ultrapassar a finalidade primária dos objetos. Então Perrier passou a ser água novamente, Campbells passou a ser sopa e Ford passou a ser carro. Mas a fome, essa nunca teve marca.
Bernay caiu e depois levantou-se de novo.
Digo isso pois qualquer lugar que você aponte a câmera diante dos pontos turísticos mais visitados do planeta, é grande a possibilidade de uma marca escorregar pra dentro do enquadramento ( chamo de "Event Horizon da Caixa Preta") Fazemos isso constantemente, sem nos darmos conta. E com estômago cheio ou não, seguimos capitalizando a mentira dos objetos.
Para o meu amigo Fabrício Bregion (in memorian)
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