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Via dei Fiume esq. com Lungotevere in Augusta |
Sinto Roma como uma senhora soberba que esconde sua artrite dos fregueses que passam apressados diante de seu balcão. Há um contingente de “barbones” que cresce a cada dia à entrada do Termini Flamínio, carregando seus sacos de roupa e pertences higiênicos enquanto o inverno não resolve descer das montanhas de vez. Junto às plataformas rodam várias ciganas, algumas grávidas, outras lactantes abraçando uma penca de bebês (chegam a acomodar três de uma vez só num carrinho Burigotto), pedindo esmolas e subtraindo com seus dedos ágeis as carteiras dos turistas alemães. O Italiano médio aprendeu a ser frívolo nessa selva de albaneses, zíngaros, romenos, polacos e africanos. Todos usam a mesma fila pra aliviar a bexiga no único vaso da estação. Se considerarmos que toda a área foi alicerçada sob camadas e camadas de história romana e etrusca, pra onde flui toda essa energia?
Vejo os jornais de emprego e concursos públicos pendurados numa banca de revistas: o aeroporto de Fiumiccino anuncia 125 vagas para agentes aduaneiros. Uma adolescente de não mais de 15 anos saca da sua mochila um maço de Camel enquanto folheia uma revista de variedades. E como fuma com classe!
A menos de um quilômetro de onde estou fica a Piazza del Popolo, a convergência das ruas mais elegantes de Roma. Gucci, Fendi, Cartier, Ferrari, e uma infinidade de pátina e cera que certamente desviará os olhares turistas destes joelhos inchados e cansados que Roma esconde debaixo de sua saia..
(Via del Fiume 7.11.2010, Hasselblad 500cm e distagon 50mm)